O final da guerra fria não foi marcado pela verdadeira vitória de uma das bandeiras. Aliás, talvez não se deva até considerar que houve um vencedor.
Quando os E.U.A começaram a apoiar os talibãs para que estes combatessem os soviéticos que, nos anos 70/80, ocupavam o Afeganistão e outros países satélite, a URSS tinha a obrigação de lutar para defender os seus territórios e as suas populações. No entanto, essa luta obrigava a que mais de metade do PIB russo fosse para sustento da guerra. Após algum tempo, o povo soviético desmoralizou, recuando e fazendo com que os EUA se considerassem vencedores. Não será correcto dizer, portanto, que houve um vencedor concreto. No fundo, o fim da guerra fria foi marcado pelo recuo da URSS e, consequentemente, pelo falhanço do modelo soviético - não pelo modelo em si, mas pela forma como foi manobrado.
Os recuos da URSS começam quando Gorbachev chega ao poder, defendendo que o modelo soviético precisava de reformas, maior transparência e um novo modelo económico. O admitir destas necessidades era um súbtil admitir do falhanço soviético. No entanto, Gorbachev nunca poderia afirmar abertamente que o plano russo falhara.
A nova voz da Rússia tinha outros ideais para a política mundial. Dizia-nos, inteligentemente, que as nações podem subir em conjunto ou cair em conjunto e que a única forma de evitar a queda é os políticos porem de lado os seus interesses. Dizia-nos, também, que a corrida aos armamentos levada ao extremo seria a semente de um confronto nuclear. E, por fim, diz-nos que nenhum Estado deve tentar impor o seu modelo porque cada povo deve ter a liberdade para escolher aquele que quiser. Estas ideias revelam a lucidez e a capacidade de Gorbachev de analisar o modelo soviético e admitir que este não resultara. A Rússia encontrara um homem com consciência e capacidade de diálogo.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
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