Em aula falou-se das diferenças entre os autoritarismos na Europa e na desvalorização da ditadura como sendo uma verdadeira DITADURA, em Portugal, um facto que me chocou particularmente. Daí surgiu esta reflexão.
Chega-se, muitas vezes, em conversas informais, a dizer que o regime do Estado Novo não era fascismo ou ditadura, em comparação com os aparatos vividos em Itália ou na Alemanha. Esta comum concepção está errada e deve ser corrigida, para que os portugueses compreendam a realidade. É necessário averiguar os factos com precisão.
Viveu então Portugal tantos anos de fascismo? Sem dúvida. A dúvida interpõe-se quando comparamos António de Oliveira Salazar a outros ditadores cujos objectivos ou vivências eram totalmente diferentes. Ao passo que um Hitler, da Alemanha, vivia num desejo tremendo de vingança, violência e, principalmente, da afirmação de uma raça superior (a raça ariana), Salazar, um intimista e religioso, pretendia apenas afastar os modernismos e fazer o povo português viver num conservadorismo extremo e de um modo colectivo (típico dos autoritarismos), ofuscando todos os conceitos envolvidos nas liberdades individuais. Entendemos facilmente que há diferenças entre os dois ditadores e que o Salazarismo se aproximou muito mais do fascismo Italiano do que do nazismo. Mesmo assim, entre as ditaduras de Portugal e Itália havia uma diferença crucial: enquanto Salazar promovia no povo português o culto a Deus, Mussolini afirmava-se como o próprio Deus, como um ser superior de uma importância acima da média, posição que Salazar jamais ocuparia. Também a sua postura mais intimista contrastava com o militarismo que Hitler e Mussolini transbordavam.
O importante a reter é que, apesar de ser um género de ditadura diferente, o que Portugal viveu não deixou de ser uma ditadura. Todos os mecanismos de propaganda, censura, repressão, enquadramento das massas, concentração de poderes, etc, funcionaram como num verdadeiro regime autoritário. Estes factos devem ter sido em conta, para que nada se repita.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
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